Blogue de NELSON S. LIMA

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CRIANÇAS SOBREDOTADAS:
ESSAS DESCONHECIDAS!

Advertência:
O presente artigo remete-nos para um terreno que a maioria dos estudiosos do fenómenos da sobredotação recusa aceitar. Trata-se de uma abordagem não científica do problema. Ela resulta de uma visão espiritualista da sua autora que, sendo embora formada em psicologia, defende uma origem sobrenatural da sobredotação. Porque aceitamos que outros pontos de vista devem ser livremente expressos decidimos aqui colocar um artigo da Dra. Cristina Silva para que, todos nós, interessados no estudo da sobredotação, possamos ampliar o nosso olhar sobre as crianças com altas capacidades.
Instituto da Inteligência

"Em todas as sociedades, em todos os tempos, destacaram-se crianças que pelas suas capacidades extraordinárias em várias áreas foram consideradas génios ou crianças-prodígio. Actualmente, estas crianças encontram-se agrupadas dentro do grande conjunto que forma as «crianças excepcionais».

Entende-se por criança excepcional aquela que se diferencia da criança «normal», a ponto de requerer mudanças na prática escolar para desenvolver todo o seu potencial segundo a moderna Psicologia Educacional. Ao contrário dos demais grupos, as crianças sobredotadas (designação utilizada pelos profissionais) apresentam um excedente de capacidades em uma ou mais áreas do desenvolvimento.

Estas crianças têm sido objecto de interesse de numerosos pesquisadores. No entanto, ressaltamos o estudo de um ilustre professor de Psicologia da Stanford University, Lewis M. Terman, cuja pesquisa revelou várias características comuns a estas crianças:

- superiores quanto às características físicas e de saúde;
- adiantadas nas disciplinas escolares, dois a quatro anos além da média;
- capazes de manter a sua maturidade intelectual até à vida adulta;
- superiores em saúde mental;
- menos propensas a desajustes sérios e à delinquência;
- oito vezes mais propensas a exercerem profissões liberais.

Hoje em dia, perante este grupo de crianças, colocam-se vários obstáculos que passam pela própria identificação e consequente ajustamento curricular e muito especificamente pela sua inserção social. Este último ponto é vivido tanto pela família como pela criança de uma forma muito ansiosa e angustiante, como podemos observar pelo relato de uma mãe publicado pelo «Daily Express»:

«Só quando chegou aos dois anos é que os problemas começaram. Era como se eu discutisse com um adulto. Respondia, dando razões lógicas sobre aquilo que devia, ou não, fazer». «Era muito debilitador para mim, porque sentia que não tinha capacidade para ser uma boa mãe, respondendo às suas necessidades». (...) «No seu quinto aniversário, quando chegou à idade regulamentar de ir para a escola, tive de novo problemas porque ela compreendia que as outras crianças daquela escola pública não estavam no seu nível quanto à leitura e escrita. Começou a conformar-se aos seus níveis porque queria ser como eles para poder ser aceite. Mas esse esforço originou grandes dificuldades emocionais e de comportamento, tais como pesadelos, desagrado pela escola e até recusa em ir às aulas».

Outro casal, que tem problemas semelhantes com a sua filha, afirma no mesmo artigo: «As pessoas pensam que as crianças sobredotadas têm pais exigentes, mas não é o caso. São crianças naturalmente curiosas que dormem muito pouco e que ficam furiosas quando cometem um erro - sentem que têm de ser perfeccionistas». (...) «Nunca impus limites à minha filha. Contudo, é uma criança perfeitamente normal que gosta de brincar com bonecas, contrariamente às crianças da sua turma». «Não sei de onde vem a sua inteligência sobredotada, mas quero que seja uma pessoa normal, que faz coisas normais».

De onde vem...
Muitos dos investigadores avançam a hipótese de que a sobredotação é uma capacidade inata combinada com a oportunidade. Isto é, ela é o resultado de uma mistura de influências genéticas (o que apoia o surgimento das crianças-prodígio de 3, 4 e 5 anos) e influências ambientais (maior valorização do desenvolvimento de algumas áreas em deterimento de outras).

Esta explicação, contudo, parece insuficiente para justificar muitos casos como o de um linguista fenomenal, o sr. Trombetti, italiano, que nasceu de uma família de bolonheses pobres e completamente ignorantes, que aprendeu sozinho francês e alemão na escola primária, árabe, com a simples leitura da vida de Dbd-el-Kader, escrita na mesma língua; aprendeu, com um persa, que estava de passagem por Bolonha, em algumas semanas a sua língua; aos 12 anos aprendeu por si só e ao mesmo tempo latim, grego e hebraico, tendo estudado quase todas as línguas vivas e mortas. Conhecendo, segundo os seus amigos, mais de 300 dialectos orientais.

Casos como este ficariam superficialmente explicados se não se procurar a causa no espírito imortal.

Aprender é recordar-se
A Psicologia, como nos diz Emmanuel, não atingirá as soluções enquanto movimentar somente os materiais da ciência humana, conservando-se no terreno das definições e dos estudos muito distantes da causa. Porém, conforme adianta, os conhecimentos do mundo caminham para a evolução dessa ciência à luz do espiritismo, o qual esclarecerá o homem quanto ao seu verdadeiro património, do qual os fenómenos da sobredotação são o maior testemunho.

Conforme afirmam os espíritos superiores, na questão 219 de «O Livro dos Espíritos», acerca da origem das faculdades extraordinárias de alguns indivíduos, há que entender que estas não são mais do que lembranças do passado, não são mais do que o reflexo do progresso anterior da alma, de que o espírito não tem consciência enquanto encarnado. Pois só os corpos mudam, o espírito é sempre o mesmo.

Só através do processo reencarnatório, como expressa Léon Denis, podemos compreender como certos espíritos, ao encarnarem, mostram desde tenra idade a faculdade de trabalho e de assimilação que tanto caracteriza as crianças sobredotadas. Cada um traz ao nascer os frutos da sua evolução, a intuição do que aprendeu, as aptidões adquiridas nos diversos domínios do pensamento, a habilidade para esta ou aquela actividade, enfim o resultado de um labor secular que deixou impresso no seu invólucro perispiritual marcas profundas, gerando uma espécie de automatismo psicológico. Por isso dizia Platão: «Aprender é recordar-se!».
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Bibliografia: Denis, Léon (1991) - O Problema do Ser, do Destino e da Dor, FEB; Gallagher, Kirk (1991) - Educação da Criança Excepcional, Martins Fontes; Kardec, Allan (1992) - O Livro dos Espíritos, CEPC; Xavier, Francisco Cândido, Emmanuel (1980) - O Consolador, FEB.
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Texto de Cristina C. Silva, Psicóloga e directora do Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita Portuguesa. Fonte: Revista de Espiritismo, nº 25.