Blogue de NELSON S. LIMA

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PROBLEMAS DOS SOBREDOTADOS NA ESCOLA

Um número considerável de crianças sobredotadas são descobertas na escola. A escola é a área da vida onde o sobredotado pode apresentar o melhor ajuste ou o pior desajuste. Tanto a sua capacidade superior pode ajudar-lhe nos estudos e contribuir para um desempenho excepcionalmente bom, como a mesma capacidade pode levar ao tédio, aborrecimento ou rebeldia capazes de provocar desempenho insatisfatório.
Além disso, as dificuldades tendem a surgir devido ao facto do sobredotado ser um indivíduo excepcionalmente inteligente mergulhado num mundo de pessoas com intelecto médio - facto este que pode gerar uma série de dificuldades de adaptação.
Por exemplo, o aproveitamento do tempo: uma criança de Q.I. 140 aproveita apenas 50% de uma aula comum, sendo o resto, para ela, desinteressante; e uma criança com um Q.I. 170 (muito sobredotada) práticamente nada aproveita das aulas normais.
Temos também a hostilidade dos colegas. Alguns autores ressaltam que uma criança sobredotada é frequentemente encarada como uma ameaça pelos companheiros, pois, ela pode fazer com que os padrões de trabalho da turma passem a ser mais rigorosos e o professor passe a esperar mais de seus alunos. Além disso, as crianças de Q.I. médio não se sentem confortáveis quando junto a uma criança muito "inteligente", porque parecem "estúpidas" quando comparadas com essa última.
O comportamento entre os alunos pode também ser fonte de conflitos. Para o nosso estudo, pode-se dividir os estudantes em três categorias: os líderes sociais, os conformistas estudiosos e os intelectuais criativos.
Os alunos criativos não apresentam preocupação com suas notas. Enquanto os outros estudantes se preparam para as provas, os intelectuais criativos podem estar a ler um texto científico universitário, um livro de filosofia ou mesmo revistas de ficção científica, ou então envolvem-se em actividades que não têm qualquer influência no seu rendimento escolar. Como resultado, eles obtêm as piores notas, mas, graças à sua leitura ampla, variada e automotivada, o seu desempenho em testes de conhecimento académico é melhor do que o dos estudiosos e os líderes sociais.

UM GRANDE DESAFIO PARA OS PROFESSORES

O professor, em geral, aprecia na criança três características: habilidade académica, alta motivação e conformismo social. De uma forma ou outra, essa criança agrada a pais e professores, seu trabalho será apreciado por todos e na escola terá maior capacidade de tolerância que as demais. Assim, é de se supor que as crianças que fogem a tais moldes (como é o caso da esmagadora maioria dos sobredotados) tornem-se insatisfeitas e frustradas e desapontem pais e professores.
Parece ser mais ou menos disseminada a idéia segundo a qual, por uma espécie de milagre, o sobredotado em alguma aptidão ou talento encontrará meios de desenvolver ao máximo suas potencialidades mesmo submetido aos mesmos procedimentos, esquemas, rítmos de aprendizagem e ensino e a seus companheiros menos dotados. Não é raro que a criança sobredotada seja até hostilizada, directa ou indirectamente, por professores que constatam que ela já sabe tudo quanto lhe pretendem ensinar ou que domina, em poucos dias, o que os companheiros de classe levam semanas ou meses. Noutras ocasiões, supõe-se que "ela sabe mais, aprende demais, então pode-se deixá-la entregue à sua própria sorte".
Como consequência, o sobredotado muitas vezes acomoda-se, já que os desafios propostos pela escola estão muito abaixo da sua capacidade, produzindo muito menos do que é capaz simplesmente por estar desestimulado. Por outras palavras, o seu desenvolvimento é bloqueado e, caso não conte com pais que o estimulem e pessoas que o persuadam a, por si só, empenhar-se mais a fundo, fora da escola, no mundo dos conhecimentos e das práticas correspondentes à sua dotação, o sobredotado procurará realizar rápidamente os deveres escolares e desperdiçar a quase totalidade do seu tempo em simples recreação inconsequente.
É comum haver falta de motivação para a aprendizagem escolar devido à existência de muitos outros interesses e a atitudes de professores que podem prejudicar ao desenvolvimento do sobredotado.
Comentários como "tal aluno deve tirar boas notas porque é inteligente" e outros do gênero fazem com que o sobredotado abdique e desista de seus talentos e aptidões, uma vez que, por tê-los, tem mais preocupações e obrigações do que os outros colegas.
Os professores, por constatarem que tal aluno é mais inteligente ou talentoso do que os seus colegas de classe, frequentemente, passam a exibí-lo ou a protegê-lo, distinguindo-o dos demais e prejudicando suas relações com os colegas, os quais passam a rejeitá-lo.
Por vezes, o professor se identifica com o sobredotado e projecta nele suas aspirações e desejos, sendo a imagem daquele que gostaria de ter sido, do filho idealizado ou do indivíduo superior.
Entretanto, pode também não aceitá-lo, desenvolvendo atitudes de antagonismo e oposição permanentes.Professores que tiveram alunos brilhantes geralmente têm prazer em contar, mais tarde, sua experiência; embora no ensino tenham tido dúvidas se tais crianças eram realmente sobredotadas, ou problemáticas, diferentes, estranhas.
Muito raramente o professor é tão talentoso como seu aluno em sua área específica, e não tem tanta imaginação nem criatividade quanto ele.
O aluno sobredotado é curioso, inquisidor, instável e, por vezes, irritado e agressivo, exigindo muito da pessoa do professor. Nem sempre ele (o professor) está psicológicamente preparado para enfrentá-lo e, portanto, sente-se inseguro, inferiorizado e perseguido, porquanto aquele é o aluno que sabe mais, que faz perguntas difíceis e que abala seu status de saber e de autoridade.
Muitos professores competem com seus alunos sobredotados e não admitem que estes últimos saibam mais do que eles ou que possam ter idéias mais criativas ou originais.
Na verdade, os alunos sobredotados são diferentes dos demais em diversos aspectos. Eles aprendem com maior facilidade e rapidez, sentem uma necessidade quase compulsiva de fazer as coisas à sua própria maneira, são extremamente exigentes com os seus educadores, tem várias áreas de interesse intelectual, muitas vezes são academicamente superiores a colegas e professores, e são vistos como diferentes pelos demais alunos.
Sendo as suas necessidades e características psicológicas relevantemente diferentes das dos alunos em geral, estes alunos precisam de um atendimento educacional também diferenciado, ou seja, preparado para dar-lhes o tratamento adequado.

Fontes: SAPIENS (adaptado) e Instituto da Inteligência