Blogue de NELSON S. LIMA

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As crianças sobredotadas e o futuro
Uma das grandes preocupações dos pais das crianças sobredotadas centra-se no que respeita ao futuro que as espera. Isto é particularmente sentido na adolescência quando se aproxima a hora dos filhos optarem por um curso superior. Nesta etapa da vida surgem, por vezes, muitas interrogações.
Julgamos ser normal acreditar-se que os jovens sobredotados serão adultos bem sucedidos e proeminentes. Afinal, são pessoas com um conjunto de potencialidades que fazem inveja a muita gente: inteligência, criatividade, elevada capacidade de aprendizagem, etc.
Pois não é bem assim. Um número muito significativo de sobredotados trilhará caminhos vulgares e andarão longe das luzes da ribalta.
Segundo a investigadora Hellen Winner, o mito de que os sobredotados terão futuros brilhantes é fortalecido pelo facto de que muitas pessoas eminentes e criativas, ao longo da história humana, terem mostrado habilidades excepcionais na infância. Ora, segundo a mesma estudiosa, "a maioria dos sobredotados jamais se desenvolve plenamente; muitas crianças sobredotadas malogram".
Muitos pais, deparando-se com esta constatação, talvez se inquietem: de que serve então ser sobredotado se, no final de contas, isso não garante o sucesso na vida?
Comecemos pelo princípio. A sobredotação significa que se é dotado de capacidades superiores à média em alguma área específica (inteligência, criatividade, inventividade, talento artístico, etc.). Temos, por conseguinte, crianças que à partida se apresentam com um nível superior de desempenho em algum domínio específico. Será isto garante sucesso na vida? Não.
O êxito académico e/ou profissional depende de muitos factores, vários dos quais não têm nada a ver com a sobredotação ou o talento que se revele em criança. Quais são esses factores? Vejamos alguns seguramente decisivos:
- o empenho e a energia com que se entreguem no trabalho;
- a capacidade de concentração e a preserverança;
- o interesse e a motivação;
- a auto-confiança e a segurança naquilo que fazem;
- a autonomia;
- o inconformismo;
- a capacidade para assumir riscos e enfrentar os fracassos.

No seu todo e para além da inteligência, da criatividade ou do talento há também factores de personalidade que ajudarão ou não a criança a atingir o sucesso. Alguns desses factores podem ser trabalhados:
- presença agradável;
- optimismo e entusiasmo;
- autodeterminação;
- convicções fortes;
- sentido de visão (ter uma ideia do futuro desejado);
- capacidades de comunicção com os outros;
- capacidade de concretização (inteligência executiva);
- charme e simpatia;
- qualidades de liderança.
Alguns cursos da nossa Academia visam precisamente despertar nas crianças sobredotadas a consciência para estes aspectos que não são trabalhados na escola e geralmente ficam dependentes da influência de terceiros e de alguma aprendizagem pessoal nem sempre bem estruturada.
Foto: Amelie Lied Haga, norueguesa, nasceu em 1990. Começou a estudar música aos 7 anos. Aos 12 anos de idade recebeu o seu primeiro prémio num concurso nacional de jovens músicos da Noruega, seguindo-se outros também a nível internacional.

Treinar a mente para o futuro!

Howard Gardner é mundialmente reconhecido pela sua teoria das Inteligências Múltiplas. É professor de Cognição na Universidade de Harvard, autor de 20 livros e detentor de 21 títulos honoris causa.
Sintonizando-se com os novos tempos, Gardner acaba de definir as 5 capacidades cognitivas que acredita serem preciosas (imprescindíveis mesmo) para todos quantos queiram ter sucesso na era da globalização. Vejamos, resumidamente.

1º A mente disciplinada:
Deve ser racional, lógica, organizada, metódica, consistente, orientada para a apreensão de novos saberes. Aplica-se na escola, nas aprendizagens, na educação formal, no trabalho. Exige método, disciplina, interesse em saber mais, autodomínio e objectivos precisos.

2º A mente sintetizadora:
É integradora, interdisciplinar, contextualizadora, multiperspectivista. Ajuda a que sejamos capazes de juntar os diversos conhecimentos, tirar conclusões e retirar delas novos entendimentos, uma melhor compreensão das coisas e dar consistência ao que retemos na memória semântica (a que regista os conhecimentos aprendidos de forma estruturada).

3º A mente criadora:
É divergente, inventiva, imaginativa, aberta, inovadora. Já hoje tornou-se num tipo de mente decisiva para os governos, as empresas e os diversos profissionais. A criatividade e a inventividade permitem a inovação - determinante para o futuro da sociedade humnana.

4º A mente respeitadora:
É compreensiva, tolerante, aglutinadora, convergente. Exige inteligência social para que possamos ter o "outro" como pessoa interlocutora e que merece o nosso respeito. É a base das relações humanas equilibradas, sadias e construtivas.

5º A mente ética:
É valorativa, socialmente responsável, madura, altruísta. Visa a boa cidadania, a cultura de valores sociais e altruistas, pressupõe força de carácter e consciência social

Todo este conjunto de estruturas representam tipos de mentes que serão precisas se se quiser - se quisermos prosperar nas eras vindouras e que exigirão competências que até agora eram meras opções, diz Howard Gardner.
Gardner defende que a nossa preparação e a dos nossos filhos para os novos tempos exige o aprofundamento daqueles tipos de mentes se quisermos ter os líderes, gestores, técnicos e cidadãos de que precisamos para povoar o nosso planeta.

Assim,
- os indivíduos que não tenham uma ou mais conhecimentos (geridas pela mente racional) não conseguirão ter sucesso em qualquer local de trabalho exigente e estarão restringidos a tarefas menores;
- os indivíduos sem capacidades sintetizadoras serão subjugados pela informação e serão incapazes de tomar decisões sensatas acerca de assuntos pessoais e profissionais;
- os indivíduos sem capacidades criadoras serão substituídos por computadores e afastarão aqueles que têm chama criativa;
- os indivíduos que não sentem respeito não serão merecedores do respeito dos outros e poluirão o local de trabalho e o espaço público;
- os indivíduos sem ética produzirão um mundo desprovido de trabalhadores sérios e cidadãos responsáveis: nenhum de nós quererá viver nesse planeta desolador.
Ler: Gardner, Howard, Cinco Tipos de Mentes, Actual Editora, 2008.