Blogue de NELSON S. LIMA

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Reflexão

JOVENS SOBREDOTADOS

A sobredotação nem sempre é entendida como uma necessidade especial mas na realidade, é nas escolas que as crianças sobredotadas encontram as maiores dificuldades de adaptação.


O Tiago Campos tem 10 anos e é uma criança muito activa com uma curiosidade quase insaciável. O seu quarto está forrado a livros porque é um leitor compulsivo. Desde que entrou para a escola primária que se interessa por quase todos os temas mas geografia e historia são as disciplinas de eleição. No futuro quer ser astronauta. O seu nível de inteligência cedo despertou os pais para a possibilidade de estarem perante uma criança diferente. Depois de alguns testes para medir o quociente de inteligência, concluíram que o Tiago é um menino sobredotado.

A sobredotação é um fenómeno raro e de difícil explicação. Normalmente considera-se sobredotada uma criança cujo quociente de inteligência seja superior a 130. No entanto este valor não é a prova evidente de uma capacidade acima da média. O Instituto da Inteligência no Porto avalia crianças potencialmente sobredotadas através de testes de aptidão cognitiva, sonora e criativa. Este trabalho permite ir além do valor descrito no Qi. Nelson Lima é neuropsicólogo e refere que hoje em dia o termo "sobredotado" também se aplica a crianças com grandes capacidades criativas ou com talento para uma actividade desportiva.

A nível cerebral a sobredotação continua a ser um grande mistério. Aparentemente a estrutura neurológica destas crianças não apresenta diferenças em relação à dos indivíduos com uma inteligência mediana. As técnicas de imagiologia são pouco esclarecedoras e não evidenciam nenhuma área específica do cérebro que possa ser responsável pela sobredotação. O João Pedro tem quinze anos e já é um astrónomo amador. Na escola interessa-se por todas as ciências e tem boas notas a quase tudo, menos em educação física. Aprendeu a ler e a escrever sozinho quando tinha ainda quatro anos de idade. Ao contrário de Tiago, João é uma criança muito reservada. É o membro mais novo de um clube de astronomia onde faz aquilo de que realmente gosta: olhar e fotografar o céu. O resto do tempo passa-o em casa no meio das centenas de livros que costuma comprar.

Nem sempre é fácil para uma criança sobredotada lidar com o mundo. Em muitos casos aquilo que os rodeia não faz parte da realidade que lhes interessa, por isso têm tendência para o isolamento. A comunicação é uma área que fica muitas vezes desvalorizada quando as crianças ocupam demasiado o cérebro com outras actividades cognitivas. As consequências são as dificuldades de integração e relacionamento.

Para o neurologista pediátrico Pedro Cabral, é importante que estas crianças exercitem as suas capacidades mas com alguns limites para não prejudicar por exemplo a comunicação e os aspectos sociais.


Estima-se que em Portugal existam cerca de 30 mil a 50 mil sobredotados. A maior parte tem acompanhamento psicológico e já aprendeu a lidar com a diferença. Mesmo assim é no meio escolar que estas crianças sobredotadas ainda encontram as principais dificuldades de integração.