Blogue de NELSON S. LIMA

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O SOBREDOTADO INTELECTUAL

A Teoria das Múltiplas Inteligências de Howard Gardner propõe que a mente humana é multifacetada, existindo várias capacidades distintas que podem receber a denominação de "inteligência". Duas dessas inteligências são particularmente importantes nas sociedades ocidentais urbanizadas, sendo elas:

Inteligência Lógico-Matemática: é a capacidade de analisar problemas com lógica, de realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente;
Inteligência Linguística: é a sensibilidade para a língua falada e escrita, a habilidade de aprender idiomas e a capacidade de utilizar a linguagem para atingir certos objetivos.

A importância dessas inteligências é dada de modo conjuntural, devido aos modos de produção, organização social, ferramentas culturais e estrutura de valores das comunidades em questão.

Devido ao enorme valor atribuído às aptidões acima descritas, as famosas "escalas de inteligência" criadas a partir do final do Século XIX e do início do Século XX, as quais buscavam captar uma "capacidade intelectual geral", de facto se concentravam apenas nas inteligências linguística e lógico-matemática, negligenciando outras formas de aptidão mental, tais como as inteligências musical, físico-cinestésica, espacial, interpessoal e intrapessoal. Apesar disso, permanece o facto de que aquilo que é medido através dos testes de QI efectivamente representa um conjunto importante de capacidades, particularmente nas sociedades em que mais costumam ser empregados.

Considerando todos os argumentos apresentados, chega-se à conclusão de que é válido salientar um tipo específico de sobredotação intelectual, ou seja, o destaque excepcional em habilidades linguísticas e lógico-matemáticas, sendo uma forma razoável de se aferir tais capacidades os chamados testes psicométricos ou de QI, embora isso não exclua outros procedimentos de medida. Para tanto, basta que se mantenha sempre clara e explícita a noção de que tais habilidades representam apenas um pequeno subconjunto do total das aptidões mentais humanas as quais, por motivos puramente conjunturais, assumiram um papel privilegiado nas sociedades ocidentais urbanizadas.

É também de incluir uma característica que pode fazer toda a diferença. Estamos a falar da criatividade. Criatividade é o destaque na actividade de criar, de produzir aquilo que é simultâneamente inusitado e útil. Envolve a capacidade de perceber possibilidades, tolerar ambigüidades, recombinar, pensar independentemente, planejar, julgar sem preconceitos, perceber analogias, produzir idéias em quantidade, mudar de abordagem ou ponto de vista, e de ser original. Trata-se de uma característica que, no contexto cognitivo, pode se apresentar tanto como um talento em si mesmo quanto um sabor adicional da sobredotação intelectual (in SAPIENS - Informação e Conhecimentos sobre a Superdotação Intelectual)

Um exemplo perfeito de sobredotação intelectual

Filho de um professor alemão de Filosofia, Gottfried cedo se revelou aquilo que as pessoas costumam chamar de "menino-prodígio". Aos 12 anos de idade, já se destacava por ter aprendido a chamada teoria do silogismo de Aristóteles, pesquisando os livros de seu pai.

Aos quinze anos, entrou para a Universidade de Leipzig. Cinco anos depois, completou o seu doutoramento e entrou ao serviço do governo como diplomata.

Terão sido as suas viagens à Holanda e à Inglaterra que o fizerem ingressar no estudo da matemática devido ao facto de ter convivido com grandes mestres europeus.

A sua altíssima capacidade intelectual permitiu-lhe avançar rapidamente na descoberta dos princípios fundamentais do cálculo. "No seu livro De Arte Combinatória, propôs uma abordagem radicalmente nova a uma ciência do raciocínio" - diz Keith Devlin, doutor em Filosofia da Universidade de Stanford. "Ele visionou uma espécie de alfabeto mental em que todos os pensamentos podiam ser representados como combinações adequadas de símbolos e através do qual o raciocínio seria considerado como um processo de descoberta" - conclui o doutor Devlin.

Ele antecipou a ciência dos computadores ao inventar uma máquina em 1673 capaz de um certo "raciocínio" através da manipulação de uma "linguagem" simbólica. Mas fez mais coisas que nem sempre aparecem referidas nas suas biografias: desenhou um submarino, previu alguns aspectos da teoria da relatividade de Einstein, melhorou alguns projectos de engenharia básica, promoveu um sistema de saúde pública (que incluia um serviço de bombeiros e iluminação pública) e ajudou a estabelecer o Banco Nacional Alemão. Além de tudo isto, era um apaixonado tocador de rabecão nas suas horas livres! Hoje é mais conhecido como Leibniz, filósofo e matemático. Viveu entre 1614 e 1716.